CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

quinta-feira

ESPELHO MAGICO 2

A poesia de “Espelho Mágico” (1951) pode ser classificada como epigramática em virtude de sua forma – 4 versos – e da natureza irônica das composições. O epigrama é um poema curto, geralmente de dois versos . No primeiro a nossa atenção é dirigida para algum objeto, pessoa ou evento. No segundo, o comentário, nem sempre sutil, é um golpe ferino e a mudança rápida de pensamento causa riso ou indignação.

 Quintana, nas 111 quadras deste livro vai nos fazer assistir como espectadores interessados, visados e avisados, ao grande espetáculo do mundo. Os mais variados temas são abordados em suas quadras .
Em postagem anterior, sob o título ESPELHO MÁGICO 1, apresentei as 5 primeiras quadras do livro. Agora de VI a X.



VI- DO CUIDADO DA FORMA


Teu verso, barro vil,
No teu casto retiro, amolga, enrija, pule...
Vê depois como brilha, entre os mais, o imbecil,
Arredondado e liso como um bule!


VII- DA VOLUPTUOSIDADE


Tudo, mesmo a velhice, mesmo a doença,
Tudo comporta o seu prazer...
E até o pobre moribundo pensa
Na maneira mais suave de morrer...


VIII- DOS MUNDOS


Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.


IX- DA INQUIETA ESPERANÇA


Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dês o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do purgatório...


X- DA VIDA ASCÉTICA


Não foge ao mundo o verdadeiro asceta
Pois em si mesmo tem o seu próprio asilo.
E em meio à humana turba, arrebata e inquieta,
Só ele é simples e tranqüilo.

FOTO DE DANIEL DE ANDRADE SIMÕES

Um comentário:

Jânio Lima disse...

Perfeito o blog, sensacional Quintana e tantos outros poetas brasileiros merecem uma iniciativa como a sua. Além de ser uma poesia de ouro grande abraço.