CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

sexta-feira

CONFECIONAL

[...]A Vaca e o Hipogrifo, livro publicado em 1977, que reúne textos vários, editados anteriormente em jornal. Como o Caderno H, é uma seleção de poemas e crônicas ou pequenas histórias tomadas ao acaso devido ao interesse pelo tema, à oportunidade do assunto, à percepção única e característica do poeta que soube, como poucos, explorar o cotidiano e seu outro lado, mais encoberto e menos visível.

[...] os cenários se alternam na poesia de Quintana, mas guardam sempre uma linha comum que organiza o seu imaginário e surge muito cedo na imaginação infantil e permanece na memória do menino que ele foi, como está em...

CONFECIONAL

“Eu fui um menino por trás de uma vidraça – um menino de aquário.
Via o mundo passar como uma tela cinematográfica, mas que repetia sempre as mesmas cenas, as mesmas personagens.
Tudo tão chato que o desenrolar da rua acabava me parecendo apenas em preto-e-branco, como nos filmes daquele tempo.
O colorido todo se refugiava, então, nas ilustrações dos meus livros de histórias, com seus reis hieráticos e belos como os das cartas de jogar.
E suas filhas nas torres altas – inacessíveis princesas.
Com seus cavalos – uns verdadeiros príncipes na elegância e na riqueza dos jaezes.
Seus bravos pajens ( eu queria ser um deles...)
Porém, sobrevivi...
E aqui, do lado de fora, neste mundo em que vivo, como tudo é diferente!. Tudo, ó menino do aquário, é muito diferente do teu sonho...”
Mario Quintana

Obs: O comentário introdutório foi escrito por Tania Franco Carvalhal como introdução para o livro A Vaca e o Hipogrifo, Ed Globo, 3ª. Edição 2006.

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