A Rua do Poeta
Há uma rua em Paris, uma pequena rua, mas importante porque no centro, uma rua de uma quadra só, a que deram o nome do poeta Guillaume Apollinaire. Nessa ficam os fundos de dois edifícios públicos que só tem entrada pela frente e nenhuma porta do lado oposto. Nenhum endereço. Resultado: é uma rua que existe e não existe. Que está e não está. O que deve divertir e ao mesmo tempo deixar encantado o autor de “Chanson du Mal-Aimé”.
Porque o reino do poeta...bem, não me venham dizer que não é deste mundo. Este e o outro mundo, o poeta não os delimita: unifica-os. O reino do poeta é uma espécie de Reino Unido de Céu e da Terra.
E começo a desconfiar que foi por isso mesmo que um dia anotei numa de minhas CANÇÕES:
“O céu estava na rua?
A rua estava no céu?”
O que em verdade não deixa de ser uma interrogação afirmativa. E que terminava positivamente assim:
“Mas o olhar mais azul
Foi ela quem me deu!”
Esta peça, escrevi-a em princípios da década de 40, que foi quando li a noticia referente à rua do poeta. Assim, me perdoem se não consigo citar comprovadamente a data e a fonte. Aliás, em matéria de poesia – que importam as datas? O que importa, é que, com aquele batismo por uma rua assim, foi de fato um poema, um comovente poema que a municipalidade de Paris fez sem querer.
Mario Quintana in: A Vaca e o Hipogrifo
Canção de Domingo
Que dança que não se dança?
Que trança que não se destrança?
O grito que voou mais alto
Foi um grito de criança.
Que canto que não se canta
Que reza que não se diz?
Quem ganhou maior esmola
Foi o Mendigo aprendiz.
O Céu estava na rua?
A rua estava no céu?
Mas o olhar mais azul
Foi só ela quem me deu!
Mario Quintana in: Canções
Um comentário:
Sou fã de Mario Quintana e esse blog é maravilhoso!!!!!!!!!!!!!!!Já estou como seguidora e vou aparecer aqui mais vezes!!!
Um abç,
Vivi
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