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quinta-feira

AS TRINTA LINHAS



Um dia, Álvaro Moreira, já avô, contou-me que seu pai ainda lhe dizia: “Mas Alvinho, por que tu não escreves coisas de mais fôlego?” E ele, espalmando as mãos num gesto de desculpa: “Mas eu não tenho fôlego, Papai...” Depois dessa história, eu não precisava dizer mais nada. Contudo, não me sai da lembrança um professor dos meus tempos de ginásio que, ao dar-nos o tema para a Redação de Português, dizia: “Não adianta escreverem muito meninos, porque só leio a primeira página; o resto, eu rasgo” E assim nos dava, ao mesmo tempo, a primeira e a melhor lição de estilo, obrigando-nos a reter as rédeas de Pégaso e a dizer tudo (que, aliás, não podia ser muito) nas trinta linhas de papel almaço, contando título e assinatura. A ele, pois, ao saudoso major Leonardo Ribeiro, a minha gratidão e a de meus leitores.
Mario Quintana in: Caderno H

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