CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

domingo

MAIS UM POUCO DE MARIO


Nomes Feios
Início de mais uma madrugada. Mario chega à pensão em que morava, na Barros Cassal, perto da Avenida Independência, e é mal recebido pelos cachorros. Reage aos latidos com todos os palavrões disponíveis. Na calçada, os pintores Waldeny Elias e Gastão Hofstaetter, que passaram a noite bebendo com ele e vieram deixá-lo em casa, assistem à cena.
Em meio à gritaria, abre-se a janela e surge a dona da pensão:
- Mas o que é isso, seu Mario! O senhor, um homem tão culto, dizendo essas barbaridades!
Ele se defende:
- É que a senhora não sabe os nomes que os seus cachorros estão me dizendo…
XXX
Autografando um de seus livros com a tranqüilidade costumeira, diz uma coisa ou outra às crianças da fila, quando é apresentado a um ministro de Estado de passagem por Porto Alegre e que estava ali para os rapapés de praxe. Curvando o corpo para pegar o autógrafo, o político confessa, tentando ser gentil:
- Gosto muito de seus versinhos.
E Quintana, abrindo aquele seu sorriso maroto de sempre, agradece:
- Muito obrigado por sua opiniãozinha.
XXX
Mario passava as tardes enfurnado na redação. Era raro o momento em que ele não era importunado por visitantes, curiosos, políticos e até mesmo jovens poetas, que iam sempre lhe pedir conselhos. Um de seus colegas do tempo do Correio do Povo, Jayme Copstein, trabalhava a uma mesa de Mário, que sempre recebia gente puxando conversa ou pedindo coisas.Com o tempo Copstein percebeu que, sempre que a conversa ao lado acabava, o visitante saia olhando Jayme de cara feia, com o tempo começou a ficar intrigado. Um dia resolveu perguntar ao Mário por que todo mundo que ia pedir alguma coisa ao poeta parecia brabo com ele que não tinha nada a ver com a história:
- É que eu sempre digo que tu não deixas – explicou Quintana sério.

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