CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

segunda-feira

POEMINHA SENTIMENTAL


O POEMINHA SENTIMENTAL compõem um quadro cotidiano bem conhecido: os pássaros que vem pousar nos fios da cidade. O inesperado é que o “fio telegráfico” é a metáfora do amor e as andorinhas, as mulheres que passaram em sua vida: andorinhas que chegam e se vão, andorinhas que cantam, mas a última não cantou, “ limitou-se a fazer cocô/ no meu pobre fio da vida!”, o “fio” recupera aqui o sentido clássico de “existência”. Apesar do mote jocoso, o fecho retoma a idéia do grande amor: “No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:/ As andorinhas é que mudam.”.


O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana
Preparativos de Viagem, 1987

Quintana aos 34 anos

2 comentários:

Suzy disse...

Parabéns pelo espaço dedicado a esse grande poeta. Quintana merece toda a nossa reverência.
"Poeminha Sentimental" é um dos meus preferidos.
Um abraço,
Suzy ;)

Anônimo disse...

este poema é de 1987 mesmo? Pq gostei dele e tenho q fazer uma antologia mas só pode ser com poemas de 1910 e 1950 e um dos autores tem q ser de Mario Quintana. =/