CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

domingo

POEMA XXVIII de A RUA DOS CATAVENTOS

Foto Liane Neves

Novamente os momentos que antecedem a morte surgem na poesia de Quintana. Não como medo, dor ou pesar; “minha alma louca há de sair cantando naquela nuvem...” E os castelos de sonhos e delírios ele os vai construindo ao som do realejo, até os últimos momentos de vida.

Sobre a coberta o lívido marfim
Dos meus dedos compridos, amarelos...
Fora, um realejo toca para mim
Valsas antigas, velhos ritornelos.


E esquecido que vou morrer enfim,
Eu me distraio a construir castelos...
Tão altos sempre...cada vez mais belos!...
Nem D. Quixote teve morte assim...


Mas que ouço? Quem será que está chorando?
Se soubésseis o quanto isto me enfada!
...E eu fico a olhar o céu pela janela...


Minha alma louca há de sair cantando
Naquela nuvem que lá está parada
E mais parece um lindo barco a vela!...

2 comentários:

líria porto disse...

quintaninha e seus quintanares - adoro!

Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Bernardo:

...'E esquecido que vou morrer enfim,
Eu me distraio a construir castelos...
Tão altos sempre...cada vez mais belos!...
Nem D. Quixote teve morte assim...'

Descendo teu blog, achei isso maravilhoso. Acho que pensaria do mesmo modo, mas para esquecer, para não lembrar que um dia também irei...

bjs.