Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.
[...]
e por aí se desenvolve um longo poema reflexivo e filosófico, que reflete a precariedade do destino; a transitoriedade da vida; a fugacidade do tempo e da beleza;a desarmonia da vida e distância entre o que se vive e o que se sonha.
Bernardo
SÔBOLOS RIOS QUE VÃO
Olha, eu talvez seja esse
cadaver desconhecido
que avistam sob uma ponte
com relativo interesse:
Nem sei mais se me matei
se morri por distraido
se me atiraram do cais
--- o mistério é mais profundo,
muito mais...
Vida, sonho de um segundo
---isso é vulgar mas atroz ---
e tenho pena de mim
como a que eu tenho de voz...
e sigo
todo florido
destes nossos velhos sonhos
imortais
---o misterioso tão sem fim ---
eu sigo todo florido
cadáver desconhecido
vogando, lento, à deriva
nos rios todos do mundo!
Mario Quintana in: Esconderijos do Tempo.
2 comentários:
Olá Bernardo,
Felicidade a minha ter encontrado teu blog no blog da Tais Luso... Um primor este cantinho!!!
Adoro Mario Quintana.
Certamente voltarei sempre!
Gde Abço.
Olá!
Amo Quintana cada vez mais através deste blog tão bem alimentado. Esse poema, por exemplo, foi uma grata surpresa pra mim, não o conhecia.
Abrç!
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