CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

segunda-feira

NOS SALÕES DO SONHO


Mas vocês não repararam, não?!
Nos salões do sonho nunca há espelhos...
Por quê?
Será porque somos tão nós mesmos
Que dispensamos o vão testemunho dos reflexos?
Ou, então
- e aqui começa um arrepio -
Seremos acaso tão outros?
Tão outros mesmos que não suportaríamos a visão daquilo,
Daquela coisa que nos estivesse olhando fixamente do outro lado,
Se espelhos houvesse!
Ninguém pode saber... Só o diria
Mas nada diz,
Por motivos que só ele conhece,
O misterioso Cenarista dos Sonhos!

[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]

Um comentário:

wallper.lima disse...

Em 1° lugar adorei sua visita, e saber que chegamos ao coração das pessoas.
Sobre sua postagem, como sempre uma delícia é saborear versos de Quintana, e mais maravilhoso é perceber quanta verdade em cada palavra, em cada frase, em cada pensamento!
Realmente, acho que nos sonhos não existem espelhos, pois nos deparamos despidos de nós mesmos, e nos encontramos com o nosso verdadeiros "Eu".
Abraços.
Waleria