CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
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domingo

Mario Quintana faleceu em Porto Alegre no dia 5 de maio de 1994 próximo de seus 87 anos


Em 1994 Quintana é internado no Hospital Moinho de Ventos em Porto Alegre com infecção intestinal e insuficiência respiratória, vindo a falecer no dia 5 de maio desse ano.
Foto Arquivo Jornal Zero Hora


"Quando eu morrer e no frescor da lua/ Deixai-me em paz na minha quieta rua...".

(...) Sua morte aconteceu quatro dias depois da tragédia de Ayrton Senna, em 5 de maio de 1994, e comoveu tremendamente o Rio Grande do Sul. O ficcionista Sergio Faraco, amigo fiel de três décadas, guarda a despedida com a nitidez de ontem. "A morte dele, para mim, foi muito dolorosa, não só pela perda de um amigo e de um grande poeta que, embora idoso, ainda escreveria seus belos e sentidos poemas, mas pelas circunstâncias em que se deu. Estávamos ao lado dele na UTI do Hospital Moinhos de Vento, Elena e eu, segurando-lhe as mãos. Mario já não falava, já não ouvia, a agonia se prolongava e então desci para fumar um cigarro no pátio do hospital, com o propósito de retornar logo e acompanhá-lo até o fim. Naqueles escassos minutos que permaneci no térreo, ele morreu. Nunca me perdoei por essa absurda deserção justamente no instante em que ele deixou de respirar e partiu para o céu dos poetas. Quintana talvez quisesse falecer como cantou: "sozinho como um bicho". (...)

(Fabrício Carpinejar - Revista Entrelivros, edição nº12, abril/2006).

Escreveu Quintana:
"Amigos, não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".
E ainda:“Quando morremos, acontece com as nossas esperanças o mesmo que com esse brinquedo de estátuas, em que todos se imobilizam de súbito, cada qual na posição do momento. Mas as esperanças têm menos paciência. E vão imediatamente continuar, no coração dos outros, o seu velho sonho interrompido”.
E, brincando com a morte:"A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".


“Morte: nada de maior; simples passagem de um estado para outro – assim como quem se muda do estado do Rio Grande do Sul para Santa Catarina”.

Ou ainda:"A morte deveria ser assim: um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim..."

Da Morte
Um dia... pronto! me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer que me importa?... O diabo
É deixar de viver!


Discreto quanto à sua vida pessoal, Mario Quintana teve duas grande paixões platônicas assumidas em versos: Cecília Meireles e Bruna Lombardi. "A amizade é um amor que nunca morre", disse Quintana. Ele e Bruna, roteirista de filmes e poeta, se conheceram nos anos 80, durante uma Feira do Livro em Porto Alegre e se tornaram muito amigos. Ela foi diversas vezes apontada como a musa do poeta. Bruna, na sua última vinda ao R.G.Sul, declarou: "A nossa amizade foi baseada nisso: uma pequena e mútua companhia". Quando perguntada sobre quais lembranças tinha de Mario Quintana, Bruna respondeu: " Passeando com ele pelas ruas de Porto Alegre, tomando café, olhando as pessoas e imaginando o que elas pensavam ou o que faziam."
Abaixo, o último poema escrito por Bruna Lombardi para Mario Quintana.

Onde quer que você
esteja
veja que agora
em algum lugar alguém
chora
porque você foi
embora.
Eu sei que você
continua
por aí nesse universo
achando rima pra verso
com humor e
melancolia
Perplexo feito criança
diante de cada mistério
sua sutil sabedoria
nota coisas tão
pequenas
que outro não notaria
E aqueles que ficaram
por aqui, nessa
passagem,
sentem no céu esse
anjo
que você sempre escondia
e desejam boa viagem.


(trecho extraido do site http:assisbrasil.org)

6 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Beleza de texto, Bernardo. Certas coisas eu não sabia, como por exemplo a hora de sua morte. Sei não... mas devo estar no rol das maiores fãs de Quintana, justamente porque era o poeta das coisas simples, era autêntico. E ia soltando o verbo!

Com o tempo as pessoas vão envelhecendo e perdendo o humor, e isso não aconteceu com Quintana.
Ele tinha umas ‘tiradas’ muito boas:
‘...qual ioga, nada! A melhor ginástica respiratória que existe é a leitura, em voz alta, de ‘Os Lusíadas’.

Amanhã lerei outras coisas - muito boas - que vi por aqui e no teu outro blog. Estou esperando aquela matéria!

Abraços e boa semana, amigo.
Tais

wallper.lima disse...

Adorei encontrar seu blog, pois amo
Mário Quintana, uma pessoa delicada,simples em sua colocação, mas de uma sabedoria que cativa e invade nossa alma! Tdo dito por ele, seja até a "morte" fica leve, e natural...seus poemas encantadores, mostravam como um ser humano pode viver, e amar a vida, sem ter medo do que virá, e viver simplesmente cada dia, e procurar na alegria de ver as coisas, uma maneira de ser feliz!
Um abraço.
Waleria.

Anônimo disse...

NOOSSA BAH ATE CHOREI AMO MUITO ELE

Anônimo disse...

Ameii,
Pois essa biografia,me fez gostar ainda mais dele!!

Anônimo disse...

anônimo:Mario quintana foi um dos maiores poetas do rio grande do sul.sou fâ dele desde que descobri sua históriat

Anônimo disse...

Estupendo