CADA POEMA É UM FRAGMENTO DO POEMA GERAL QUE QUINTANA VEIO COMPONDO
DURANTE TODA A SUA VIDA

sábado

CARTA A MARIO QUINTANA


Caro poeta Mario Quintana

Pediram-me para escrever sobre você e eu então resolvi escrever para você. Você é tão grande dentro de sua simplicidade e sinceridade de gaúcho do interior que tenho até medo de não encontrar as palavras certas.
Você nasceu em Alegrete, mas eu sei, porque vejo nos seus versos, o quanto ama Porto Alegre. Eu também amo. Já morei lá e volta e meia estou por lá. Falei que você é grande dentro de sua simplicidade porque você escreve coisas profundas em versos singelos. Gosto muito de suas quadrinhas. Algumas são cheias de humor, outras são irônicas, outras encerram verdades indiscutíveis e muitas dão conselhos como um experiente psicólogo.
Você não é complicado. A gente entende tudo o que você escreve. Sim, porque tem poema que embaralha as palavras de um jeito que não se entende e então a poesia não penetra na alma.
Sabe, gosto muito do poema “Os Arroios” de seu livro Baú de Espantos:
“Os arroios são rios guris.
Vão pulando e cantando dentre as pedras...
Conhecem o cheiro e a cor das flores que se debruçam sobre eles
Nos matos que atravessam e onde parecem quererem sestear...”.
Sinto não ter podido um dia visitá-lo no Hotel Magestic onde morava, para da sacada, contemplaremos o Guaíba e batermos um longo papo. E, se você concordasse, eu pediria que recitasse seu poema “Dedicatória” do livro A Cor do Invisível onde você mesmo define a sua poesia e que termina assim:
“E por isso as minhas palavras são cotidianas como o pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida na concha da mão.”

Um abraço cordial,
Else Sant’anna Brum

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