
Por ocasião da segunda visita de João Paulo II a Porto Alegre, em 1991, Mario resolveu escrever uma carta ao Papa. Quintana achava que o Pontífice tinha certa dificuldade em pronunciar o fonema “ao” (irmáos), que sempre soava como aberto. Preocupado, nosso poeta, um paladino do vernáculo, temia que a expressão “pão dos pobres” fosse pronunciada – por exemplo, sem o til, soando como “pau dos pobres”. Na verdade a mensagem era uma singela e bem humorada dica de pronúncia de português. Já debilitado pela idade avançada e com as mãos muito trêmulas para redigir, ele ditou o texto que deveria ser enviado ao Papa João Pulo II. Contudo, quem foi escolhida para enviar a carta ao Vaticano, a dramaturga Eloí Calage, acabou esquecendo o rascunho guardado dentro das páginas de um livro, reencontrado apenas onze anos depois. Por conta do cochilo de Eloí, nem o Papa recebeu a lição de português nem o poeta recebeu a benção...
Para expiar sua culpa, Calege publicou o texto em 2003, na passagem dos nove anos da morte do poeta, pensador, tradutor Mario Quintana, que reproduzo aqui:
Para sua Santidade Papa João Paulo II
"Sendo Vossa Santidade um Poliglota notável, vejo que
não consegue pronunciar o famoso “ão” da
língua portuguesa e tomo a liberdade
de esclarecê-lo sobre esta pronúncia.
Considere o “ao” como dois monossílabos
“ã” mais “o” e tente pronunciá-los cada vez mais
rapidamente. Assim obterá o nosso “ão”.
Esperando a sua benção,
Respeitosamente
Mario Quintana"
4 comentários:
Oi, Bernardo:
rsrsrs, essa eu não sabia! São pérolas de Quintana para serem guardadas!
Não sei onde consegues tantas coisas de Quintana, tantas fotos! Este teu blog deve ser o mais completo blog sobre Quintana!
Abraçosssss!
Tais
Olá Bernardo,
Sou Bibliotecária e seu Blog me chamou atenção. Gostaria de um contato para solicitar algumas informações, é possível? Obrigada, Daniela.
CARA Daniela
Sim esteja a vontade para informações desde que estejam ao meu alcance.
um abç
muito obrigado tu me ajudastes muito pois estou fazendo um trabalho sobre esse mestre do poema e sem ti seria mais difil obrigado
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