tag:blogger.com,1999:blog-88250447128953142522024-02-18T17:41:45.380-08:00Quintana Eterno<b>DEDICADO A DIVULGAR A VIDA E OBRA DO GRANDE POETA BRASILEIRO</b>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.comBlogger306125tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-69799866384320310572015-08-03T15:47:00.003-07:002015-08-03T15:47:46.716-07:00ORQUESTRA<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Bp_lavvTZiU/Vb_vboBwZOI/AAAAAAAAYoA/8_QWHa1b0TI/s1600/orquestra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://3.bp.blogspot.com/-Bp_lavvTZiU/Vb_vboBwZOI/AAAAAAAAYoA/8_QWHa1b0TI/s400/orquestra.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<span style="color: blue;">A coisa mais solitária do mundo é um solo de flauta</span><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">Em compensação a tua cabeça está cheia de borboletas estrídulas</span><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">Mas eu deixo tombar das minhas mãos o pandeiro de guizos</span><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">E, na verdade, o que eu tenho é uma alma de violoncelo</span><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">—- grave, profunda, triste…</span><br />
<br />
<br />
[QUINTANA, Mário[ <em>in </em>Velórios sem defuntoBeto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-72826820760556819522015-07-07T16:11:00.001-07:002015-07-07T16:11:04.530-07:00QUINTANA - O DEIXADOR INQUIETO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMh0ByRkRESgg5oAI2s3I-UjH2nfOLCfHeScFvvyelvkueAwZlVXvukkoVfe29HLQNZLkKqDYW7D40L29JoX2191vW_6HlgpbrIn1yrn3HFPM53wyz5JearLDmnmkDv1z0-hrhWavlyCrM/s1600/334126_338731079549164_2030976291_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMh0ByRkRESgg5oAI2s3I-UjH2nfOLCfHeScFvvyelvkueAwZlVXvukkoVfe29HLQNZLkKqDYW7D40L29JoX2191vW_6HlgpbrIn1yrn3HFPM53wyz5JearLDmnmkDv1z0-hrhWavlyCrM/s400/334126_338731079549164_2030976291_o.jpg" width="245" /></a></div>
<br />
<br />
Na postagem anterior (Aniversário de Mario Quintana) ele nos confessa textualmente " <span style="color: blue;">Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão". </span><span style="color: black;">Pois bem o poema abaixo é uma prova disso. Nele Quintana se apresenta como um inquieto. O deixador inquieto.</span><br />
<br />
<span style="color: blue;"><strong><span style="font-size: large;">O Deixador<br /></span></strong>Eu tenho mania de deixar tudo para depois...<br />Depois a contagem das cartas a responder...<br />Depois a arrumação das coisas...<br />Depois, Adalgisa...Ah,<br />Me lembrar mais uma vez de romper definitivamente com Adalgisa!<br />Depois, tanta, tanta coisa...<br />Depois o testamento as últimas vontades a morte.<br />Só porque vai sempre deixando tudo para depois<br />É que Deus é eterno<br />E o mundo incompleto<br />Inquieto...<br />Só é verdadeiramente vida a que tem um inquieto depois!</span><br /><span style="font-weight: bold;">Mario Quintana</span>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-41916693356144670042015-07-05T14:33:00.001-07:002015-07-05T14:34:11.738-07:00ANIVERSÁRIO DE MÁRIO QUINTANA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd4m41GAs7YQ1zbb1DNiS5BS5MNHqmK5UdslRvMjn-unP03eI2vA7ObX50YYByoEJVurjo05O6F00cLspZ0E6ig3wxa8HxrrjbZRHYShpThk53Gptv6zuAPpohWkwxokjof5NTn7oPVSuW/s1600/20852_pkpfqce1vfcurqsoy029082012192435000000.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd4m41GAs7YQ1zbb1DNiS5BS5MNHqmK5UdslRvMjn-unP03eI2vA7ObX50YYByoEJVurjo05O6F00cLspZ0E6ig3wxa8HxrrjbZRHYShpThk53Gptv6zuAPpohWkwxokjof5NTn7oPVSuW/s320/20852_pkpfqce1vfcurqsoy029082012192435000000.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Neste mês, no dia 30 de julho Quintana completaria 115 anos.<br />
<span style="line-height: 1.5;">A melhor definição para Mario Quintana, foi feita por ele mesmo, em 1984: </span><br />
<span style="line-height: 1.5;"><span style="color: blue;">“Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro — o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu… Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros? Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo — que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras”.</span></span>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-12820390299262744242014-04-02T12:48:00.000-07:002014-04-02T12:48:25.333-07:00COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO “BAU DOS ESPANTOS”
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-3mKUcYj8h_0/UzxpWHjAmKI/AAAAAAAAWSw/G2mgUdU7kIE/s1600/untitled1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-3mKUcYj8h_0/UzxpWHjAmKI/AAAAAAAAWSw/G2mgUdU7kIE/s1600/untitled1.png" height="400" width="260" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<strong><span style="color: blue;"></span></strong> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<strong><span style="color: blue;"></span></strong> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<strong><span style="color: blue;">ESPANTOS</span></strong></div>
<strong><span style="color: blue;">
Neste mundo cheio de espantos</span></strong><br />
<strong><span style="color: blue;">
Longe das mágicas de Deus,</span></strong><br />
<strong><span style="color: blue;">
O que existe de mais sobrenatural</span></strong><br />
<strong><span style="color: blue;">
São os ateus</span></strong><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p> </o:p></div>
Tive a oportunidade, nos quase vinte anos em que trabalhei
no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, de conviver com o poeta Mario
Quintana. Nossas mesas de trabalho, na redação, ficavam vis-a-vis. Chegando à
tarde, depois de tomar um cafezinho no bar do jornal, o poeta punha-se a ler
sua própria poesia. Invariavelmente. Lá pelo final da tarde, pegava do lápis
(às vezes da caneta esferográfica) e começava a rabiscar naquele antigo papel
de jornal que nos era oferecido pela redação, antigas resmas de composição,
então já reduzidas a toalhas para secar as mãos. Enfim, o poeta, ao final da
jornada, às vezes já no início da noite, usava sua imensa máquina de escrever
Olivetti 88 e punha-se a digitar (literalmente, porque Mario escrevia com não
mais do que quatro dedos, dois de cada mão), com vagar, e eu diria, com método, o novo
poema, qual fênix, renascido de outros tantos que o mesmo poeta escrevera e ali
deglutira, antropofagicamente. É como se Mario Quintana conversasse
permanentemente consigo mesmo, numa espécie de solilóquio continuado, sobre o
qual igualmente já tive a oportunidade de escrever, em momento anterior.[3]
Aliás, para além do solilóquio, como processo de criação, pode-se registrar o
diálogo com o leitor, pressuposto no uso significativo da 2ª pessoa do
singular, como procedimento de recepção, antecipado pelo poeta, numa espécie de
escolha do leitor, como já o registrou Umberto Eco.[4] Não é de surpreender,
assim, que se deva reconhecer um continuum na criação poética de Quintana,
resultado dessa autoleitura, dessa constante reflexão em que não apenas palavra
puxa palavra, mas poema puxa poema. Por vezes, um único texto pode sugerir
tantas outras coisas, que o poeta prefere suspender aquelas potencialidades,
interrompendo o verso pela colocação das reticências... seria curioso, aliás,
estudar-se a relação entre essa pontuação gráfica, os versos em que ela é
usada, e o desdobramento que ela permite desses versos em outros poemas... Mas
para isso é preciso paciência... Os temas abordados por Quintana são variados,
mas quase sempre surgem em pares, cuja combinação é constituída de opostos: o fim
do mundo x a presença da eternidade; Deus x Diabo; poeta x poesia; velho x
antigo; passagem do tempo x progresso; anonimato x solidão etc. Os pares
antônimos se constroem também a partir de princípios ou conceitos: ausência
física x presença pela memória; tempo que corrói a vida x infinitude da morte
etc A associação de idéias é uma constante: a preocupação em distinguir
claramente os termos, também. Há enormes sutilezas, nessas distinções, como em
casos do anonimato x solidão: o anonimato é voluntário, é saudável; a solidão é
indesejada, é negativa, O anonimato permite o exercício da identidade, da
personalidade, do distanciar-se de si mesmo e assim ver-se de maneira crítica;
a solidão pode ocorrer até mesmo – e sobretudo - em meio à massificação. Pode-se
afirmar, por isso, que o principal procedimento criativo de Mario Quintana é a
reflexão sobre o próprio fazer poético. Para o escritor, o poema é como que a
ponta de um iceberg, não apenas da poesia que o poeta contém dentro de si, mas
de toda a poesia. O poema é, ao mesmo tempo, um disfarce do poeta: ele parece
falar de alguma coisa (aparente) mas, na verdade, está a tocar em um tema bem
mais profundo e certo. A poesia, por seu lado, é um encantamento: o poeta se
vale de palavras como fórmulas mágicas, criando uma atmosfera que
desvela/revela o mundo, produzindo o que poderíamos denominar de enobrecimento do cotidiano. Sendo a poesia irredutível, ela
se constitui na invenção da verdade, a partir de um procedimento fundamental: a
indagação. A importância dada por Mario Quintana à infância não é nenhum
saudosismo ou nostalgia. E, isso sim, a possibilidade de retornar a um momento
em que, metodologicamente, o ser humano está disponível para perguntar,
descobrir e espantar-se com as suas descobertas. O poeta, desse modo, enquanto
uma criança ingênua, é capaz de surpreender a vida em todas as suas
possibilidades, valendo-se justamente da dúvida enquanto procedimento de
conhecimento – e o poema, enquanto procedimento de socialização desse
conhecimento/descoberta.[5] O cerne da obra de Mario Quintana se apóia
exatamente nisso: o espanto da descoberta, colocando-se o interesse do poeta
menos na realidade do entorno em si mesma e muito mais nas mudanças que ela
sofre, com o passar do tempo, A poesia, por conseguinte, concretizada na forma
do poema, é como um pacote que deve ser aberto: a leitura do poema é a
revelação da surpresa que ele contém, a própria poesia, mas que não é delegável
a ninguém mais, senão ao leitor mesmo. Daí a afirmação que encontramos em certa
passagem de Na volta da esquina:[6] Os verdadeiros poetas lêem os pequenos
anúncios de jornais, ou seja, é a partir da realidade mesma, a realidade
anônima e cotidiana, que se concretiza a poesia, por aproximação. Baú de
espantos não foge a essas perspectivas.<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p> </o:p></div>
Texto de Antonio Hohlfeldt como parte da introdução (O
instante, matéria-prima da poesia ) ao livro Baú dos Espantos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>edição de 2006 publicado pela Ed. Globo.<o:p></o:p><br />
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-10869137533454446702014-03-26T14:10:00.005-07:002015-07-05T14:53:45.686-07:00DATA E DEDICATÓRIAEste poema dedico à minha amiga Tais Luso, cujo blog de mesmo nome, a muito tempo acompanho. Em seu último comentário sobre o poema de Quintana "O Velho Poeta" Tais comentou: "sinto falta da data nas postagens". Pois bem querida amiga, a culpa é toda do Mario que nos deixou a seguinte observação e como não poderia deixar de ser em versos, e que versos.<br />
<br />
<strong><span style="color: blue;">DATA E DEDICATÓRIA</span></strong><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">Teus poemas, não os dates nunca...Um poema</span><br />
<span style="color: blue;">Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,</span><br />
<span style="color: blue;">Se existe hora, é sempre a hora extrema</span><br />
<span style="color: blue;">Quando o Anjo Azrael nos estende ao sedento</span><br />
<span style="color: blue;">Lábio o cálice inextinguível...</span><br />
<span style="color: blue;">Um poema é de sempre, Poeta:</span><br />
<span style="color: blue;">O que tu fazes hoje é o mesmo poema</span><br />
<span style="color: blue;">Que fizeste em menino,</span><br />
<span style="color: blue;">É o mesmo que,</span><br />
<span style="color: blue;">Depois que tu te fores</span><br />
<span style="color: blue;">Alguém lerá baixinho e comovidamente,</span><br />
<span style="color: blue;">A vive-lo de novo...</span><br />
<span style="color: blue;">A esse alguém,</span><br />
<span style="color: blue;">Que talvez nem tenha ainda nascido,</span><br />
<span style="color: blue;">Dedica pois teus poemas.</span><br />
<span style="color: blue;">Não os dates porém:</span><br />
<span style="color: blue;">As almas não entendem disso...</span><br />
<br />
Mario Quintana in: Baú dos Espantos<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwM3h8QsFOgj4vg6xEie-QP_euJBZ-ni3GR01sMMqajwtJ05q6JzMGfgdAzJ3D3FbUZlh3bNTwrA2HP6AqORaGRnK7Lim3hAdeo-0vHCZHYVFxXIRzmXHcRnalRBSm2KEfRCpaibTDwkdO/s1600/M%C3%A1rio%2520Quintana2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwM3h8QsFOgj4vg6xEie-QP_euJBZ-ni3GR01sMMqajwtJ05q6JzMGfgdAzJ3D3FbUZlh3bNTwrA2HP6AqORaGRnK7Lim3hAdeo-0vHCZHYVFxXIRzmXHcRnalRBSm2KEfRCpaibTDwkdO/s1600/M%C3%A1rio%2520Quintana2.jpg" width="297" /></a></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-51574544992072835762014-03-21T16:05:00.002-07:002015-07-05T14:54:32.129-07:00O VELHO POETAAmanhã (22 de março) completo 62 anos. Meu tempo está terminando. Não tem mais graça comemorar aniversários após os sessenta. Milhões de pensamentos veem em turbilhão e a sensação de que a vida se exauri toma presença mais forte. Recorri ao meu amigo Mario, que já se foi mas deixou uma obra vasta e eterna. Sim a boa poesia, como a boa música é eterna. Encontrei esta joia rara. Não é preciso comentar nada, basta ler e fechar os olhos. Obrigado amigo Quintana.<br />
<br />
<span style="color: blue;">O VELHO POETA</span><br />
<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">Um dia o meu cavalo voltará sozinho</span><br />
<span style="color: blue;">E assumindo</span><br />
<span style="color: blue;">Sem Saber</span><br />
<span style="color: blue;">A minha própria imagem e semelhança</span><br />
<span style="color: blue;">Ele virá ler</span><br />
<span style="color: blue;">Como sempre</span><br />
<span style="color: blue;">Neste mesmo café</span><br />
<span style="color: blue;">O nosso jornal de cada dia</span><br />
<span style="color: blue;">inteiramente alheio ao murmurar das gentes.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-AVSUUgeMpgI/UyzFRMvsY4I/AAAAAAAAWRw/XbHGYvXK9_w/s1600/Chale+15.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-AVSUUgeMpgI/UyzFRMvsY4I/AAAAAAAAWRw/XbHGYvXK9_w/s1600/Chale+15.jpg" width="320" /></a></div>
Chalé da Praça XV (Porto Alegre), onde Mário ia todas as tardes comer dois quindins e tomar seu café, com a presença obrigatória do jornal do dia. Na foto acima o chalé hoje, em baixo com a presença de Mario lendo seu jornal.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Nn53g_Sye7E/UyzFteyg5iI/AAAAAAAAWR4/-epnSzpEBS0/s1600/A+mario1005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="209" src="http://3.bp.blogspot.com/-Nn53g_Sye7E/UyzFteyg5iI/AAAAAAAAWR4/-epnSzpEBS0/s1600/A+mario1005.jpg" width="320" /></a></div>
<br />Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-57701589714589988642014-03-18T16:53:00.001-07:002014-03-18T16:57:54.961-07:00COMENTÁRIO SOBRE A OBRA: O APRENDIZ DE FEITICEIRO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-M3v8jiS2PQg/UyjbtKTDH9I/AAAAAAAAWRQ/Y7tz__XogHI/s1600/untitled.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-M3v8jiS2PQg/UyjbtKTDH9I/AAAAAAAAWRQ/Y7tz__XogHI/s1600/untitled.png" height="320" width="248" /></a></div>
<br />
<br />
O Aprendiz de Feiticeiro é a quarta obra da carreira literária de Mario Quintana, publicada em 1950, após os sonetos dA Rua dos Cataventos (1940), as Canções (1946) e os poemas em prosa do Sapato Florido (1948). O título do livro faz referência a uma antiga narrativa alemã, imortalizada pelo poeta romântico Goethe em sua balada Der Zauberlehrling 1 e, posteriormente, por Walt Disney, num longa-metragem em que o seu famoso personagem Mickey fazia o papel do aprendiz de mago. Segundo Quintana mesmo explicaria em um depoimento posterior, 2 o nome do livro se deve ao fato de que, ao conhecer essa narrativa, ele se identificou com a aventura vivida pelo personagem. Lembremos, brevemente, o enredo: Encarregado de limpar o laboratório na ausência de seu mestre, o aprendiz resolve usar um feitiço às escondidas, fazendo com que uma vassoura crie braços e pernas e vá buscar água para que seja feita a limpeza. Tudo corre normalmente, até que ele percebe que deve fazer a vassoura parar, pois o laboratório poderá ser inundado. Não conhecendo as palavras mágicas para contê-la, tem a infeliz idéia de parti-la ao meio. Ocorre, então, uma multiplicação de vassouras, pois cada pedaço transforma-se em outra, que recomeça a tarefa. No final, tendo o ambiente já sido tomado pela água, aparece o Mestre Feiticeiro, que resolve a situação com suas palavras mágicas. Conforme Quintana, no seu caso, ao lidar com forças desconhecidas (as forças da linguagem, sempre imprevisíveis, mesmo para o poeta), o que ocorreu foi uma “multiplicação de poemas”, em vez de uma “incontrolável multiplicação de vassouras”. É como se as palavras fugissem ao seu controle, tornando-se as “palavras em liberdade” que buscavam os poetas surrealistas nos seus exercícios de “escrita automática”. Conforme já observou Gilberto Mendonça Teles, Quintana se coloca como aquele que se surpreende com a própria criação, com a magia da palavra poética, a qual acaba por assumir vida própria, multiplicando os poemas, em aparente desordem, no laboratório do livro.<br />
<br />
DORIS MUNHOS DE LIMA in: O APRENDIZ DE FEITICEIRO: realidade, imaginação e magia na obra de Mario Quintana. 2008.Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-28884819876379972232014-03-14T14:45:00.000-07:002014-03-21T16:08:49.891-07:00MARGRAFF<strong><span style="color: blue; font-size: large;"> MARGRAFF</span></strong><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-2zryq24HOug/UyN4MVzXLdI/AAAAAAAAWQ0/wynvUGE67T8/s1600/imagesJSZFJ0EN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-2zryq24HOug/UyN4MVzXLdI/AAAAAAAAWQ0/wynvUGE67T8/s1600/imagesJSZFJ0EN.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="color: blue;">De uma feita, descobri nas costas da folhinha o seguinte precioso informe:</span><br />
<span style="color: blue;">"O açúcar de beterraba foi descoberto em 1747 por Margraff."</span><br />
<span style="color: blue;">Desde então, nunca mais pude esquece-lo.</span><br />
<span style="color: blue;">E, quando procuro ansioso entre os nevoeiros da memória, uma data esquecida, um nome, uma citação, ei-lo que aparece, implacável, esse Margraff, à prova de balas e de esconjuros. Por quê? Estarei ficando...?</span><br />
<span style="color: blue;">Ou será, o pobre Margraff que tenta desesperadamente sobreviver, transformando-se em idéia fixa?</span><br />
<br />
<strong>Mario Quintana in, Sapato Florido, Ed Globo</strong>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-74326997560736138542014-03-14T13:52:00.002-07:002014-03-14T13:52:53.640-07:00DEPOIS<strong><span style="color: blue; font-size: large;"> DEPOIS</span></strong><br />
<strong><span style="color: blue; font-size: large;"></span></strong><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-cDyRUiFr8Y4/UyNr9KVJskI/AAAAAAAAWQk/_tk9NLXcKN4/s1600/images97B3O2KL.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-cDyRUiFr8Y4/UyNr9KVJskI/AAAAAAAAWQk/_tk9NLXcKN4/s1600/images97B3O2KL.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-size: x-large;">N</span><span style="color: blue;">em a coluna truncada:</span><br />
<span style="color: blue;">Vento.</span><br />
<span style="color: blue;">Vento escorrendo cores.</span><br />
<span style="color: blue;">Cor dos poentes nas vidraças.</span><br />
<span style="color: blue;">Cor das tristes madrugadas.</span><br />
<span style="color: blue;">Cor da boca...</span><br />
<span style="color: blue;">Cor das tranças...</span><br />
<span style="color: blue;">Ah,</span><br />
<span style="color: blue;">Das tranças avoando loucas</span><br />
<span style="color: blue;">Sob sonoras arcadas...</span><br />
<span style="color: blue;">Cor dos olhos...</span><br />
<span style="color: blue;">Cor das saias</span><br />
<span style="color: blue;">Rodadas...</span><br />
<span style="color: blue;">E a concha branca da orelha</span><br />
<span style="color: blue;">Na imensa praia </span><br />
<span style="color: blue;">Do Tempo.</span><br />
<br />
<strong>MARIO QUINTANA, in Poesias, Ed Globo, 2001</strong>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-19501972374893313672014-03-14T13:25:00.000-07:002015-07-05T14:55:28.625-07:00<strong><span style="font-size: large;">COMENTÁRIO SOBRE A OBRA </span></strong><strong><span style="color: blue; font-size: large;">ESCONDERIJOS DO TEMPO</span></strong><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-JbS0bmGt4W0/UyNk_QJrAHI/AAAAAAAAWQU/sYb9kgHNbfo/s1600/esconderijos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-JbS0bmGt4W0/UyNk_QJrAHI/AAAAAAAAWQU/sYb9kgHNbfo/s1600/esconderijos.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div align="center" style="margin: 10px 0px 20px;">
</div>
<br />
<div id="_atssh" style="height: 1px; position: absolute; visibility: hidden; width: 1px; z-index: 100000;">
<iframe frameborder="0" id="_atssh450" style="border: 0px currentColor; height: 1px; left: 0px; position: absolute; top: 0px; width: 1px; z-index: 100000;" title="AddThis utility frame"></iframe><br /></div>
<!-- AddThis Button END --><!-- ARQUIVOS DE SALA DE IMPRENSA -->
<br />
<div style="display: block; float: right; width: 340px;">
<div id="sinopse">
<span style="color: blue;">“Neste livro, como em muitos outros de Mario Quintana, o leitor encontrará
casas mortas, amores perdidos, escadas para lugar nenhum, ruas desertas, porões
abandonados, sótãos, enfim, lugares plenos de memória.” </span></div>
<strong>– Eucanaã Ferraz, no prefácio da edição</strong><br />
<strong>
</strong><strong> </strong><br />
<br />
<div id="biografia">
<br />
<em>Esconderijos do tempo</em> ocupa lugar de destaque na obra poética de
Mario Quintana. Tudo levava a crer que, após o premiado Apontamentos de história
sobrenatural, de 1976, o poeta septuagenário não tinha mais para onde ir, a não
ser repetir-se. No entanto, passaram-se apenas quatro anos, e Quintana lançava
este que pode ser considerado um dos melhores livros de poesia brasileira do
último quarto do século passado.<br />
Alguns dos mais belos poemas escritos pelo autor podem ser encontrados neste
volume. À época de seu lançamento original, em 1980, o poeta parecia liberar-se
definitivamente de todas as amarras, influências, compromissos, entregando-se
por inteiro ao triunfo da imaginação como forma de questionar e enriquecer o
real.<br />
Neste livro, é marcante a total dissociação de Quintana em relação a qualquer
influência exercida sobre ele por outros mestres de sua geração modernista. Se
nos livros dos anos 70, através da noção de “sobrenatural”, ele fizera questão
de contrastar sua poética ao ceticismo materialista de Drummond, aqui o poeta
assume de peito aberto sua personalidade singular.<br />
Em Mario Quintana, o poeta, não existiu envelhecimento. Esconderijos do tempo
é um livro de maturidade plena. Nele estão poemas que tematizam a passagem do
tempo e o caráter fugaz dos sentimentos e das sensações, mas sem ceder à
nostalgia ou à melancolia. A palavra poética afirma-se aqui como celebração e
concretização daquilo que perdura. </div>
</div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-22675736627132455132012-12-28T09:46:00.001-08:002015-07-05T14:56:17.262-07:002013 - ESPERANÇA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrVi7VQmjsBt7MaI2PLUJ6SbicZZ7gdeX2WWWAJmMhpDbRxxvxt3HjS43tEEqp_2VyJdLHHj59P7YRtRQ5jVHPR9nDQ-xIXsUV53JH8LwhNIkRQeetpu-TwQRQK-AC6l1CDzth8Bh7rjyk/s1600/timthumb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="190" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrVi7VQmjsBt7MaI2PLUJ6SbicZZ7gdeX2WWWAJmMhpDbRxxvxt3HjS43tEEqp_2VyJdLHHj59P7YRtRQ5jVHPR9nDQ-xIXsUV53JH8LwhNIkRQeetpu-TwQRQK-AC6l1CDzth8Bh7rjyk/s400/timthumb.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Mais um ano se encerra. Chegamos novamente ao final do
décimo segundo andar. A louca Esperança saltará novamente para reiniciar, tudo
de novo, a partir do primeiro andar sua caminhada por mais um ano...
renascida...agora e novamente uma menininha. Essa Esperança não desiste? Essa
Esperança louca não morre? Sonhos e Esperanças... são os ingredientes da vida.
(É preciso dizer-lhes tudo de novo Quintana.) <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;">Bernardo<o:p></o:p></span><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: lime; font-family: Calibri; font-size: large;"><strong>ESPERANÇA</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Vive uma louca chamada Esperança</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">E ela pensa que quando todas as sirenas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Todas as buzinas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Todos os reco-recos tocarem</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Atira-se</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">E</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">— ó delicioso vôo!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">Outra vez criança...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">E em torno dela indagará o povo:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">E<span style="color: blue;"> ela lhes dirá</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;">(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;"> --- O meu nome é</span> <strong><span style="color: blue;">ES-PE-RAN-ÇA...<o:p></o:p></span></strong></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p></o:p><span style="font-family: Calibri;">Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética"<o:p></o:p></span></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-91094244037298480022012-10-19T13:18:00.000-07:002015-07-05T14:56:36.111-07:00AMAR É MUDAR A ALMA DE CASA<span lang=""></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang=""><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ycZZ6tAD7aA/UIG0R-g8rsI/AAAAAAAAQ0Y/-frILxnuTok/s1600/980_440784802624607_1453090379_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-ycZZ6tAD7aA/UIG0R-g8rsI/AAAAAAAAQ0Y/-frILxnuTok/s320/980_440784802624607_1453090379_n.jpg" width="279" /></a></span></div>
<span lang="">
A todos os sentidos da vida, o amor dá uma nova dimensão. "Voar sem asa", essa é a construção poética mais sublime para definir a sensação do amor, que nos é dada por Quintana.<span style="color: blue;"></span><br />
<span style="color: blue;">Amar é mudar a alma de casa,</span><br />
<span style="color: blue;">
é ter no outro, nosso pensamento.</span><br />
<span style="color: blue;">
Amar é ter coração que abrasa,</span><br />
<span style="color: blue;">
amar, é ter na vida um acalento.</span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<span style="color: blue;">Amar é ter alegria que extravasa,</span><br />
<span style="color: blue;">
amar é sentir-se no firmamento.</span><br />
<span style="color: blue;">
"Amar é mudar a alma de casa",</span><br />
<span style="color: blue;">é ter no outro, nosso pensamento.</span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<span style="color: blue;">Amar, é aquilo que embasa,</span><br />
<span style="color: blue;">
é ter comprometimento.</span><br />
<span style="color: blue;">
Amar é, voar sem asa,</span><br />
<span style="color: blue;">
e porque amar é acolhimento,</span><br />
<span style="color: blue;">
"amar é mudar a alma de casa"</span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<span style="color: blue;"> </span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<span style="color: blue;">- Mario Quintana, in "Apontamentos de História Sobrenatural".</span></span><br />Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-26752980030034099482012-09-26T17:16:00.001-07:002015-07-05T14:56:48.829-07:00MONOTONIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Ss5Zwpu0EHI/UGOa7Qb-v4I/AAAAAAAAQzs/qzQxm-FiL-g/s1600/INFILT~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="201" src="http://2.bp.blogspot.com/-Ss5Zwpu0EHI/UGOa7Qb-v4I/AAAAAAAAQzs/qzQxm-FiL-g/s400/INFILT~1.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">É segundo por segundo<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Que vai o tempo medindo<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Todas as coisas do mundo<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Num só tic-tac, em suma,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Há tanta monotonia<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Que até a felicidade,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Ah! Como goteira num balde, <o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Cansa, aborrece, enfastia...<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">E a própria dor - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quem diria?<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">A própria dor acostuma.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">E vão se revezando, assim,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Dia e noite, sol e bruma...<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">E isto afinal não cansa?<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Já não há gosto e desgosto<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Quando é prevista a mudança.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Ai que vida!<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Ainda bem que tudo acaba...<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Ai que vida tão comprida...<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Se não houvesse a morte, Maria,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Eu me matava<o:p></o:p></span></span>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-1828190005431830332012-09-20T18:13:00.002-07:002015-07-05T14:57:01.728-07:00VERSÍCULO INÉDITO DOS GENESIS<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OIZ7_FgvH54/UFu-u-T3gGI/AAAAAAAAQyM/zjBJ_1n4ojc/s1600/imagesCA6HKV1V.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://2.bp.blogspot.com/-OIZ7_FgvH54/UFu-u-T3gGI/AAAAAAAAQyM/zjBJ_1n4ojc/s400/imagesCA6HKV1V.jpg" width="394" /></a></div>
<br />
<span style="color: blue; font-size: large;">E eis que tendo Deus descansado no sétimo dia, </span><br />
<span style="color: blue; font-size: large;">os poetas continuaram a obra da criação.</span><br />
<span style="color: blue; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: black;">Caderno H</span>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-8265248285781503622012-09-20T12:31:00.000-07:002015-07-05T14:57:14.022-07:00DETRÁS DE UM MURO SURGE A LUA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaMOcWEhgCuFYojkCnOhWeX14w-PSQJmD50Ib9Bo244TAAzQWg7rmD5fgqedb9Xh4l6niP-xDYOOB9fFjJ2zh9vXbclVNcbIBgng3BM_LOmLHn_jKWCkUP21m5WPHAt9mfJi1Pbkzeq3XU/s1600/mario_quintana_f_003_0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaMOcWEhgCuFYojkCnOhWeX14w-PSQJmD50Ib9Bo244TAAzQWg7rmD5fgqedb9Xh4l6niP-xDYOOB9fFjJ2zh9vXbclVNcbIBgng3BM_LOmLHn_jKWCkUP21m5WPHAt9mfJi1Pbkzeq3XU/s400/mario_quintana_f_003_0.jpg" width="307" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Um coração que olha mas nada vê, pois é triste e
indolente, como uma criança doente. Eis que passou toda vida a embebedar-se de
cinzento e roxo, cores fúnebres, tristes... A vida corre sem revelar-se
verdadeiramente, (mascarada), acendem-se lampiões, há festa na praça, mas o
coração do poeta segue com seu olhar indiferente, tristonho.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Detrás de um muro surge a lua. Em frente<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Acendem-se os lampiões. A noite cai.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Na praça a banda toca, de repente,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Um samba histérico... Aflições dançai!<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Mas qual! Meu coração triste e indolente<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Olha sem ver, de tudo se distrais.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Que pena faz uma criança doente!<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Como ele está... Cada passito é um ai...<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">Vai morrer atacado de si mesmo...<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Dos longos poentes que passou a esmo<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">A embebedar-se de Cinzento e Roxo.<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
</span><br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: blue;">E enquanto a vida corre - ó Mascarada! -<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">Ele abre, vagamente, sobre o Nada,<o:p></o:p></span></span><br />
<span style="color: blue;">
<span style="font-family: Calibri;">O seu olhar sonâmbulo de mocho...<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Mario Quintana. A rua dos cataventos<o:p></o:p></span></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-87967125266430274512012-09-19T05:58:00.002-07:002015-07-05T14:57:53.085-07:00O VISITANTE NOTURNO<span lang=""><br />
<br />
</span><br />
<span lang=""></span><br />
<span lang=""></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span lang=""><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcDVwxsu37-NF0w4rDIV5Mbz2oHg3ERbaqHICxwd6rySL-I1MPvWOiXONR16bT3Ct2uLy-E4WzUltJvk70zZHC3M7F_SSq3oVlNTcT1P1sXF2BnWdpI1ynjzu5paQB654OubilT5P1Fm-x/s1600/percevejo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcDVwxsu37-NF0w4rDIV5Mbz2oHg3ERbaqHICxwd6rySL-I1MPvWOiXONR16bT3Ct2uLy-E4WzUltJvk70zZHC3M7F_SSq3oVlNTcT1P1sXF2BnWdpI1ynjzu5paQB654OubilT5P1Fm-x/s200/percevejo.jpg" width="185" /></a></span></div>
<span lang="">
<br />
<span style="color: blue;">Pousou agora mesmo – precisamente sobre a velha caneta que eu havia erguido um momento à cata de um adjetivo – um insetozinho verde que tem a forma exata de um escudo.<br />
<br />
Veio da noite, atraído pela luz da minha janela. Sua gentil visita me compensa não sei de quê.<br />
<br />
Fico a examiná-lo em silêncio: nada posso nem sei dizer-lhe.<br />
<br />
E assim nos quedamos por um breve instante frementes, incomunicáveis e juntos... Dois universos dentro de um mesmo mundo!</span></span><br />Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-4596960415594752512012-09-18T15:46:00.001-07:002015-07-05T14:59:38.869-07:00IDEAIS<span style="font-family: Calibri;"><strong><span style="color: blue;"><span style="font-size: large;"></span></span></strong></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3IfKO33PmOf_G3AmVOcDyuDEOa6DHziyDMqHNdu4LeTSzKPoAGdEXXEfzn95oLc_0oq4Bp4ANMhaWHwibKlqjJd_F1CTQQJ3_0yAKCegWPYw3vxNFvilceiWGOYxA1pPDFS4sY3fyeXVa/s1600/PagemCopasMedieval+Enchanted.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3IfKO33PmOf_G3AmVOcDyuDEOa6DHziyDMqHNdu4LeTSzKPoAGdEXXEfzn95oLc_0oq4Bp4ANMhaWHwibKlqjJd_F1CTQQJ3_0yAKCegWPYw3vxNFvilceiWGOYxA1pPDFS4sY3fyeXVa/s400/PagemCopasMedieval+Enchanted.jpg" width="266" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="background-color: white;"><span style="color: blue;"><span style="font-size: x-large;"><strong><em>Os</em></strong></span> outros meninos, um queria ser médico, outro pirata, outro
engenheiro, ou advogado, ou general. Eu queria ser um pajem medieval... Mas
isso não é nada. Pois hoje eu queria ser uma coisa mais louca: eu queria ser eu
mesmo.</span></span></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Sapato Furado, 1994</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNev25bkC2gBJbjH9sHgza-cSzCvFR7rRAcKnMvFX01yeMz2f4OQFa49HguQoME_zGHZnAyMnni__wi69Arrc8LNYfxf9zYRUfRnkIHM-x5s-00XdcyCT5-Dnu518inWa5F-ATCI14IMQW/s1600/CRDITO~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNev25bkC2gBJbjH9sHgza-cSzCvFR7rRAcKnMvFX01yeMz2f4OQFa49HguQoME_zGHZnAyMnni__wi69Arrc8LNYfxf9zYRUfRnkIHM-x5s-00XdcyCT5-Dnu518inWa5F-ATCI14IMQW/s400/CRDITO~1.JPG" width="266" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span> Foto Agência Estado.</div>
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-51538110798152139582012-09-14T12:40:00.000-07:002015-07-05T15:00:29.012-07:00SOBRE OS POETAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-O71bAX5H4zY/UFOHoUxNyhI/AAAAAAAAQvI/2crmmN_vwuw/s1600/MARIO_~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://3.bp.blogspot.com/-O71bAX5H4zY/UFOHoUxNyhI/AAAAAAAAQvI/2crmmN_vwuw/s400/MARIO_~1.JPG" width="393" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="color: blue; font-family: Calibri;"><strong>“Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos,
nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar
em silêncio que subjugas a quaisquer escapes motorísticos ou declamatórios. Um
silêncio... este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês."</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><strong>Mario Quintana</strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><strong>Foto de Daniel de Andrade Simões e seu Blog "Saitica"</strong></span></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-37278067790187229382011-01-02T06:11:00.000-08:002015-07-05T15:00:38.849-07:00O ÚLTIMO POEMA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGr31-U6r-Qpxz_4e8x9OoImZs_QpWklIErLCpQmdXFJgehRkxo-5Spsjo9dbBzSx3DOuOHvYWVFgBVimUTbPX_Q5Mi_cYcLhkaPHTnCPvfxPIjUWn7toyQSIyF3e0SK8FKEg5PYtblbNd/s1600/Sapatos+de+Quintana.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGr31-U6r-Qpxz_4e8x9OoImZs_QpWklIErLCpQmdXFJgehRkxo-5Spsjo9dbBzSx3DOuOHvYWVFgBVimUTbPX_Q5Mi_cYcLhkaPHTnCPvfxPIjUWn7toyQSIyF3e0SK8FKEg5PYtblbNd/s320/Sapatos+de+Quintana.png" width="320" /></a></div>
<span style="color: blue;">Enquanto me davam a extrema-unção, Eu estava distraído...</span><br />
<span style="color: blue;">Ah, essa mania incorrigível de estar</span><br />
<span style="color: blue;">Pensando sempre noutra coisa!</span><br />
<span style="color: blue;">Aliás, tudo é sempre outra coisa</span><br />
<span style="color: blue;">- segredo da poesia –</span><br />
<span style="color: blue;">E enquanto a voz do padre zumbia como um besouro,</span><br />
<span style="color: blue;">Eu pensava era nos meus primeiros sapatos</span><br />
<span style="color: blue;">Que continuavam andando, que continuavam andando,</span><br />
<span style="color: blue;">Até hoje</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TSCHmMf-CZI/AAAAAAAAF08/cM9OsjK3ouQ/s1600/DI__LOGOS_01a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" n4="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TSCHmMf-CZI/AAAAAAAAF08/cM9OsjK3ouQ/s320/DI__LOGOS_01a.jpg" width="223" /></a></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-13445350510466552932010-12-23T03:44:00.000-08:002015-07-05T15:00:54.844-07:00VERANICO E MEIO DIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7CZ50BD5l3Dm_mYVAhO6Jc_rRiaeYdbZJ1IxAxcL2inIzDYXoRQ33Qi7giuKC85IQ8rMXhCbmF-tEOCU9H16TxtYQBmrlWjfwUqo8lJsK59N1YqhLAHiSnmeVZDTCrjCYFXA1_X3evXSj/s1600/Quinta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7CZ50BD5l3Dm_mYVAhO6Jc_rRiaeYdbZJ1IxAxcL2inIzDYXoRQ33Qi7giuKC85IQ8rMXhCbmF-tEOCU9H16TxtYQBmrlWjfwUqo8lJsK59N1YqhLAHiSnmeVZDTCrjCYFXA1_X3evXSj/s400/Quinta.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<center>
Foto Liane Neves</center>
<br />
<br />
<b>Dois textos que se complementam. Escritos naquela hora modorrenta do dia. Aquela hora em que o poema empaca e o poeta adormece.</b><br />
<br />
<strong>VERANICO</strong><br />
<br />
<span style="color: blue;">Está marcando meio-dia nos olhos dos gatos.</span><br />
<span style="color: blue;">As sombras esconderam-se debaixo da barriga dos cavalos.</span><br />
<span style="color: blue;">A cidadezinha modorreia...A tarde</span><br />
<span style="color: blue;">Avança, lentamente, como o casco coberto de poeira</span><br />
<span style="color: blue;">Como uma tartaruga</span><br />
<span style="color: blue;">O poema empaca, o poeta adormece</span><br />
<span style="color: blue;">De chatice</span><br />
<span style="color: blue;">A vida continua indiferente.</span><br />
<br />
in: Preparativos de Viagem<br />
<br />
<strong>MEIO DIA</strong><br />
<br />
<span style="color: blue;">A tarde é uma tartaruga com o casco empoeirado a arrastar-se penosamente, as sombras foram-se esconder debaixo da barriga dos cavalos, tudo parece uma íntima quarentena – mas está marcando exatamente meio dia nos olhos dos gatos.</span><br />
<span style="color: blue;"><br />
</span>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-79116532557536316142010-12-13T08:27:00.000-08:002015-07-05T15:01:08.587-07:00O LIVRO DA VIDA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TQZJRX99AhI/AAAAAAAAFp8/WVGLtz1Y5ro/s1600/Quinta1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" n4="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TQZJRX99AhI/AAAAAAAAFp8/WVGLtz1Y5ro/s400/Quinta1.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<center>
Mario em seu quarto - Foto Liane Neves</center>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="color: blue;">Comparar a vida com um livro é uma das imagens mais batidas. Que importa? Novidade não é documento. Mas que ansiosa leitura, que suspense. Por que pode terminar sem mais nem menos, às vezes em meio de um capítulo, de uma frase...e, assim, a gente tem que saborear linha por linha, minha filha, para fazê-lo render o mais possível: nada de leitura dinâmica.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong>In: PREPARATIVOS DE VIAGEM</strong></div>
Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-69896357429645446022010-11-26T13:15:00.000-08:002010-11-30T08:36:42.979-08:00DE UM DIÁRIO ÍNTIMO DO SÉCULO XXX<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TPAjXPo3ouI/AAAAAAAAFjo/ddtaycFPeBs/s1600/Quintana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="312" ox="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TPAjXPo3ouI/AAAAAAAAFjo/ddtaycFPeBs/s320/Quintana.jpg" width="320" /></a></div><center>FOTO LIANE NEVES</center><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><b>As mulatas representam aqui o que há de mais brasileiro, a fascinante micigenação das cores brancas e pretas..."<span style="color: blue;">fascina-me o contraste absoluto entre ambas</span>"... As mulheres azul celeste, certamente, devem ser chatas demais para um poeta que se diz fascinado pelo contraste. Por isso este texto retirado de "De um Diário Íntimo do Século XXX" é tão fascinante, como o contraste entre as cores branca e negra.</b></div><br />
<br />
<span style="color: blue;">DE UM DIÁRIO ÍNTIMO DO SÉCULO XXX</span><br />
<br />
<span style="color: blue;">Juro que não tenho o mínimo preconceito de cor. O que há comigo é que acho umas chatas as mulheres azul-celeste. Piores até que as frutacores.</span><span style="color: blue;"></span><span style="color: blue;">Por que não experimentam o cultivo de mulheres brancas e pretas, que dizem ter sido as peles primitivas nos tempos bárbaros.</span><br />
<span style="color: blue;">Fascina-me o contraste absoluto entre ambas. E se tivesse que escolher entre uma branca e uma preta, não sei o que faria...</span><br />
<span style="color: blue;">Abri-me a esse respeito com meu velho e sábio amigo dr Gregorovirus. Ele pôs-se a discorrer sobre soluções dialéticas, sobre certa mescla de café com leite... Não sei o que é dialética, não sei o que é café, não sei o que é leite. Por que raios esses técnicos não se expressam em língua de gente?</span><br />
<span style="color: blue;">Quando eu ia pedir-lhe mais explicações, ele, com um leve dar de ombros, ergueu-se nos ares, e quando já estava a uns dois metros de altura gritou-me:</span><br />
<span style="color: blue;">- Vou tratar do caso, vou tratar (ele tem a mania de repetir as palavras) A sua única salvação meu pobre amigo é a mulata. A mulata!</span><br />
<span style="color: blue;">Fiquei nas mesmas.</span><br />
Mario Quintana in: Da Preguiça como Método de Trabalho.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TPUlWntJnyI/AAAAAAAAFnE/Sd8ncVKg1xg/s1600/mulata_na_janela_com_passaro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" ox="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TPUlWntJnyI/AAAAAAAAFnE/Sd8ncVKg1xg/s400/mulata_na_janela_com_passaro.jpg" width="325" /></a></div><center>Mulata na janela - Di Cavalcanti</center>Beto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-28172536998671244242010-11-22T15:11:00.000-08:002010-11-23T03:01:08.751-08:00SONETO PÓSTUMO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOr4fObNE_I/AAAAAAAAFjM/zkxjSmOcdtM/s1600/Quin+Cidad%25C3%25A3o+Hon+P.+Alegre+1967.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="243" ox="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOr4fObNE_I/AAAAAAAAFjM/zkxjSmOcdtM/s320/Quin+Cidad%25C3%25A3o+Hon+P.+Alegre+1967.jpg" width="320" /></a></div><span style="color: black;"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">Nada permanece igual no tempo, a não ser o próprio tempo. Quintana percebe isso como ninguém. Um velho amor valeu em seu próprio tempo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Drummond diria: “Mudam-se os tempos/ mudam-se as vontades/ Muda-se o ser”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O tempo <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>implacável <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e não tem piedade de nós, pobres e efêmeros humanos. Cecília Meirelles diria: “Talvez pensem que o tempo volta/ E que vens, se o tempo voltar”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Neste poema Quintana afirma que o tempo não volta e nem o que éramos ou as sensações e sentimentos que sentíamos. “No fim, tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que tinha um dia o próprio vento...” Ou seja, o tempo como o vento passa...e deixa somente as recordações.</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">SONETO PÓSTUMO</div></span><br />
<span style="color: blue;">- Boa Tarde... - Boa Tarde! - E a doce amiga</span><br />
<span style="color: blue;">E eu de novo, lado a lado vamos!</span><br />
<span style="color: blue;">Mas há um não sei quê, que nos intriga:</span><br />
<span style="color: blue;">Parece que um ao outro procuramos...</span><br />
<span style="color: blue;"><br />
</span><br />
<span style="color: blue;">E, por piedade ou gratidão, tentamos</span><br />
<span style="color: blue;">Representar de novo a história antiga.</span><br />
<span style="color: blue;">Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...</span><br />
<span style="color: blue;">Que fomos outros que nos encontramos!</span><br />
<span style="color: blue;"><br />
</span><br />
<span style="color: blue;">Não há remédio: é separar-nos pois.</span><br />
<span style="color: blue;">E as nossas mãos amigas se estenderam:</span><br />
<span style="color: blue;">-Até breve! - Até breve! - E, com espanto</span><br />
<span style="color: blue;"><br />
</span><br />
<span style="color: blue;">Ficamos a pensar nos outros dois.</span><br />
<span style="color: blue;">Aqueles dois que a tanto já morreram...</span><br />
<span style="color: blue;">E que, um dia se quiseram tanto!</span><br />
<br />
Junho, 1952<br />
Mario Quintana in: Baú de EspantosBeto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-19284842357147169372010-11-17T04:24:00.000-08:002010-11-22T15:58:20.742-08:00QUEM AMA INVENTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOPJB1An03I/AAAAAAAAFiw/EC3_g4pEazE/s1600/MARIO_%257E1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="305" px="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOPJB1An03I/AAAAAAAAFiw/EC3_g4pEazE/s400/MARIO_%257E1.JPG" width="400" /></a></div><br />
<center>FOTO DE DANIEL DE ANDRADE SIMÕES</center><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Cecília Meirelles poetizou que “a vida só é possível reinventada” reafirmando o poder recriador da poesia. Mario Quintana complementou dizendo “quem ama inventa as coisas a que ama”. Cecília e Mario, conjugando-se parecem estar a nos dizer: “Se nos amamos, reinventamos a nós mesmos!”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<span style="color: red;">QUEM AMA INVENTA</span><br />
<br />
<span style="color: blue;">Quem ama inventa as coisas a que ama...</span><br />
<span style="color: blue;">Talvez chegaste quando eu te sonhava.</span><br />
<span style="color: blue;">Então de súbito acendeu-se a chama!</span><br />
<span style="color: blue;">Era a brasa dormida que acordava...</span><br />
<span style="color: blue;">E era um revôo sobre a ruinaria.</span><br />
<span style="color: blue;">No ar atônito bimbalhavam sinos, </span><br />
<span style="color: blue;">Tangidos por uns anjos peregrinos</span><br />
<span style="color: blue;">Cujo dom é fazer ressurreições...</span><br />
<span style="color: blue;">Um ritmo divino? Oh! Simplesmente</span><br />
<span style="color: blue;">O palpitar de nossos corações</span><br />
<span style="color: blue;">Batendo juntos e festivamente,</span><br />
<span style="color: blue;">Ou sozinhos, num ritmo tristonho...</span><br />
<span style="color: blue;">Ó! meu pobre, meu grande amor distante,</span><br />
<span style="color: blue;">Nem sabes o bem que faz à gente</span><br />
<span style="color: blue;">Haver sonhado... e ter vivido o sonho!</span><br />
<br />
Mario Quintana in: A Cor do Invisível<br />
<br />
<br />
<span style="color: red;"><b>REINVENÇÃO</b> </span><br />
<br />
A vida só é possível <br />
reinventada. <br />
<br />
Anda o sol pelas campinas <br />
e passeia a mão dourada <br />
pelas águas, pelas folhas... <br />
Ah! tudo bolhas <br />
que vêm de fundas piscinas <br />
de ilusionismo... — mais nada. <br />
<br />
Mas a vida, a vida, a vida, <br />
a vida só é possível <br />
reinventada. <br />
<br />
Vem a lua, vem, retira <br />
as algemas dos meus braços. <br />
Projeto-me por espaços <br />
cheios da tua Figura. <br />
Tudo mentira! Mentira <br />
<br />
da lua, na noite escura. <br />
<br />
Não te encontro, não te alcanço... <br />
Só — no tempo equilibrada, <br />
desprendo-me do balanço <br />
que além do tempo me leva. <br />
Só — na treva, <br />
fico: recebida e dada. <br />
<br />
Porque a vida, a vida, a vida, <br />
a vida só é possível <br />
reinventada. <br />
<br />
Cecília Meirelles in: Mar absoluto e outros poemas, 1945.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOPJKLdkLMI/AAAAAAAAFi0/ZvEdEIE4zDg/s1600/1226360554_5cecilia_meireles_rio_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" px="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TOPJKLdkLMI/AAAAAAAAFi0/ZvEdEIE4zDg/s400/1226360554_5cecilia_meireles_rio_.jpg" width="292" /></a></div><br />
<center>CECÍLIA MEIRELLES</center><center> </center><center> </center><center> </center><br />
<br />
QUEM AMA<br />
<br />
<span style="color: blue;">Camões escreveu:"Quem ama inventa as penas em que vive." "Quem ama inventa as coisas a que ama," acrescentaria eu se a a tanto me atrevesse.</span><br />
Mario Quintana in: Da Preguiça como Método de TrabalhoBeto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8825044712895314252.post-4395236149141083022010-10-30T15:31:00.000-07:002010-10-30T15:31:31.222-07:00CANÇÃO DE OUTONO<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TMycsNvp95I/AAAAAAAAFhQ/UtSUjhGai-4/s1600/out_0006.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" nx="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_S6NiUDwOpQU/TMycsNvp95I/AAAAAAAAFhQ/UtSUjhGai-4/s400/out_0006.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;">A cidade de Porto Alegre não seria a mesma sem a grande presença do poeta Mario Quintana, que deixou a sua marca na memória emotiva da capital sul-rio-grandense. Ele opta por sair da sua terra natal – Alegrete - ainda jovem, adotando Porto Alegre como a sua cidade, a cidade de seu coração. Todo esse encantamento face à cidade escolhida, todos os seus quintanares de contemplação, faz de Quintana “o poeta da cidade”. É o poeta da cidade porque esta é tema recorrente na sua lírica, cidade de múltiplas facetas, capaz de despertar sentimentos diversos no poeta. Mas a cidade vai se transformando ao longo do tempo, se modernizando, enquanto o poeta vai envelhecendo. Ambos trilham juntos os caminhos da vida, numa relação de cumplicidade, com direito a diálogos, idealizações, perplexidade, imaginações, sendo um para o outro a grande companhia.</div><div style="text-align: justify;">Mario Quintana testemunha as mudanças que ocorrem em Porto Alegre, é aquele que caminha e aprecia as suas ruas, as suas casas antigas, as crianças, o cotidiano. Num momento inesperado, o simples o surpreende e o inspira a poetizar e registrar aquilo que só ele é capaz de perceber.</div><div style="text-align: justify;">Notamos que a temática da modernização, em Quintana, associa-se a sentimentos de perda, de abandono, de solidão e de melancolia. O poeta carrega consigo uma dor nostálgica, mostrando uma certa negatividade face à cidade presente. A visão melancólica de Mario Quintana face à transformação do cenário urbano, o seu descontentamento, fica evidente.</div><div style="text-align: justify;">Eduardo Lourenço (1999), em seu livro <strong>Mitologia da Saudade</strong>, delineia uma leve diferenciação entre os sentimentos de melancolia, tristeza, saudade, tédio e nostalgia. Para Lourenço, a saudade, a tristeza e a nostalgia são sentimentos relacionados à perda de alguma coisa, permitindo, assim, o seu afastamento com a idéia de que se vai recuperar algo. Já a melancolia é mais complexa, pois não tem causa precisa.</div><div style="text-align: justify;">Em “Canção de Outono”, percebemos as indagações do poeta Mario Quintana na segunda estrofe - “Tristeza? Encanto? Desejo? / Como é possível sabê-lo?”, uma indefinição própria da melancolia, embora ele utilize a palavra tristeza:</div><br />
<span style="color: blue;">CANÇÃO DE OUTONO</span><br />
<span style="color: blue;"><br />
</span><br />
<span style="color: blue;">O outono toca realejo</span><br />
<span style="color: blue;">No pátio da minha vida.</span><br />
<span style="color: blue;">Velha canção, sempre a mesma,</span><br />
<span style="color: blue;">Sob a vidraça descida...</span><br />
<span style="color: blue;">Tristeza? Encanto? Desejo?</span><br />
<span style="color: blue;">Como é possível sabê-lo?</span><br />
<span style="color: blue;">Um gozo incerto e dolorido</span><br />
<span style="color: blue;">De carícia a contrapelo...</span><br />
<span style="color: blue;">Partir, ó alma, que dizes?</span><br />
<span style="color: blue;">Colher as horas, em suma...</span><br />
<span style="color: blue;">Mas os caminhos do Outono</span><br />
<span style="color: blue;">Vão dar em parte nenhuma!</span><br />
<br />
Mario Quintana in: CançõesBeto72http://www.blogger.com/profile/17532596016653635187noreply@blogger.com4