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quinta-feira

INTERMEZZO


O poeta fala em eternidade, isto é, refere-se ao tempo eterno na perspectiva da arte, pois a bolha é o espaço da criação, intocável e perene na medida em que a vida se eterniza na arte.

Intermezzo
de Mario Quintana

Nem tudo pode estar sumido
ou consumido…
Deve – forçosamente – a qualquer instante
formar-se, pobre amigo, uma bolha de tempo nessa Eternidade…
e onde
- o mesmo barman no mesmo balcão,
por trás a esplêndida biblioteca de garrafas,
fonte de nossa colorida erudição -
haveremos de continuar aquela nossa velha discussão
sobre tudo e nada
até
que, fartos de tudo e nada,
desta e da outra vida,
a rir como uns perdidos,
a chorar como uns danados,
beberemos os dois nos crânios um do outro…
até o teto desabar!
(Perdão! até a bolha rebentar…)

in: Esconderijos do Tempo

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